Existem três grandes causas por detrás de uma reprovação no Exame da OAB:
1 – O candidato não estudou ou estudou o insuficiente;
2 – A banca pisa na bola;
3 – O candidato comete um vacilo e fica pelo caminho.
Não estudar o suficiente poderia até ser
considerado um vacilo, e em muitos casos é. Mas também pode ser fruto do
uso de técnicas equivocadas de estudo ou das próprias limitações de
tempo do candidato. Há uma série causas por detrás de uma reprovação e
jogar a insuficiência dos estudos no rol dos vacilos pode ser, de alguma
forma, uma injustiça.
Por sua vez, em todas as edições do Exame os candidatos atribuem a culpa da reprovação na banca. Na 2ª fase, em várias oportunidades isso é uma verdade, e na 1ª, com alguns erros de gabarito, também pode ser, mas em uma escala bem menor.
E, por fim, nós temos os vacilos “strictu sensu“, as comidas de mosca, bobeadas, derrapagens ou autossabotagem.
É aquele momento em que o candidato pisa na jaca e estraga todo o sério trabalho de estudo ao longo dos últimos meses.
Não basta só estudar, tem de ficar LIGADO! Muitos ficam pelo caminho por errarem, e errarem feio.
Ao término de toda prova objetiva começa a
romaria de lamentações em torno das pequenas falhas que comprometem
todo o trabalho. Vamos elencá-las para que vocês, jovens e sabidos, não
fiquem depois chorando pelos cantos.
Vamos lá:
1 – Não conseguir transcrever as alternativas no caderno de resposta
Desde já botem em suas cabeças: a prova NÃO dura 5 horas!!
Ela dura 4 horas e 20 minutos.
Reservem, independentemente do desempenho durante a aplicação da prova, 40 minutos
para transcreverem as alternativas escolhidas para a folha de resposta.
Fazer isso com calma, visando exatamente evitar os erros, exige tempo.
Trata-se de uma estratégia e exige
autodisciplina. Não interessa se você avançou muito ou pouco na prova,
reserve 40 minutos para transcrever as respostas.
Se vocês passarem as respostas em um
lapso temporal menor, ótimo, terão tempo para continuar naquilo que está
faltando. Do contrário, melhor ainda, conseguiu passar para a folha o
que conseguiu resolver.
Ser reprovado por não passar todas as resposta para a folha é castigo!
2 – Trocar a ordem das respostas
Existem duas formas do candidato errar
aqui. A primeira ele coloca a alternativa certa na questão errada, e a
segunda ele erra a alternativa na mesma questão, trocando A por B, por
exemplo.
Em ambas, ele perde o ponto.
Há casos do candidato errar uma sequência inteira de questões por ter errado somente uma. Pode parecer incrível, mas acontece.
E depois de marcado, meus amigos, um abraço. Remarcar gera a anulação da questão.
Na hora da transcrição na folha de
resposta prestem atenção, confiram o número da questão da prova com o
número da questão da folha e marquem com convicção a alternativa
correta.
Dica: levem duas
canetas. A caneta sobressalente não só vira reserva técnica no caso da
caneta titular falhar como pode perfeitamente funcionar como régua na
hora da transcrição, evitando confusões.
3 – Escolher uma alternativa e depois trocar por outra
Me divirto com essa dica.
No exame passado dei essa orientação na
véspera da prova. Na segunda-feira recebi uns 6 e-mails de candidatos
relatando esse problema: haviam escolhido uma questão entre duas (típico
caso de dúvida na prova), escolheram uma alternativa e depois,
meditando melhor, resolveram trocar. Resultado: perderam o ponto, pois a
1ª escolha era a correta.
E me divirto com essa dica porque ela não
tem nenhuma resposta lógica para existir. Não faço a menor ideia do
porquê deste fato, mas que acontece, não tenham dúvidas: a 1ª escolha é
sempre a correta.
No caso de dúvida, fiquem com a 1ª escolha, sempre!
4 – Chegar atrasado no local de prova
Em umas 4 edições do Exame eu fiquei do
lado de fora do local de prova após o fechamento dos portões, aqui em
Brasília. Não tem erro! Sempre chegam os retardatários, e todos ficam
consternados por perderem o horário.
Na boa! Os portões fecham às 14h…tem desculpa perder o horário?
Não, né?
Isso se chama displicência. Pior, desperdício de tempo, esforço e dinheiro.
Na véspera da prova deixem tudo pronto e
saiam com antecedência. Saiam de casa em cheguem cedo ao local de prova.
Imprevistos acontecem e ter tempo para resolvê-los pode salvar a
pátria, e salvá-lo de uma imenso aborrecimento.
E ainda vão ter de se explicar em casa…
5 – Ausência de controle emocional
Já escrevi muito sobre isso e escreverei mais, por certo. O nervosismo faz parte do Exame de Ordem e muitos candidatos, MUITOS candidatos sucumbem diante dele.
Muitos candidatos…
E isso é um vacilo.
E é porque vocês candidatos já são
adultos, já passaram por sei-lá quantas provas, já passaram por uma
universidade, têm curso superior e escolheram uma profissão que exige
exposição e submete ao confronto.
A prova existe, tem de ser feita e ponto
final. Controlem o emocional, de uma forma ou de outra, e enfrentem o
desafio de frente, sem frescuras e sem fantasias.
A prova é difícil mas é plenamente
superável. Aproximadamente 46% dos candidatos passam na 1ª fase. Não é
assim tão difícil e vocês podem perfeitamente entrar no lado certo das
estatísticas.
Eliminem os medos e vão em frente!
6 – Achar que só o cursinho resolve
O cursinho é bom? É!
O professor é bacana? Sim!
Vou ser aprovado? Quem sabe?
Cursinhos preparatórios para a OAB
proliferam por aí, e proliferam em função da demanda: os estudantes e
bacharéis querem fazer um por conta das dificuldades e especificidades
do Exame de Ordem.
Mas só frequentar o cursinho não basta, é
preciso estudar por conta própria também. O examinando que se ilude
achando que o professor ou o curso são o máximo corre o sério risco de
reprovar. Leiam a doutrina, resolvam exercício, façam simulados,
exercitem a mente.
Uma só fonte de estudo não é o suficiente para a provação. Pode ser para um ou para outro, mas em regra não é.
Cursinho é bom, orienta e ajuda, mas nenhum, sozinho, representa a salvação da lavoura.
7 – Achar que 40 é 80
Adágio do Exame de Ordem: quem faz 40 passa do mesmo jeito de quem faz 80 pontos.
É verdade!
Mas estudar e projetar fazer apenas 40 pontos não costuma dar certo.
Estudem para tirar uma pontuação elevada
dentro de suas condições de preparação. Em regra, quando um candidato
faz um simulado sério (sexta-feira teremos o nosso) e consegue acertar
mais de 46 pontos em todas as oportunidades, ele passa na primeira fase.
Ninguém estuda para acertar 40 pontos e
acerta efetivamente os 40: o fator erro sempre está presente. Não digo
para estudar tudo, ainda mais com o pouco tempo de hoje até a prova, mas
estudem visando atingir 50 ou 60 pontos, no mínimo. Deem uma margem
para os inevitáveis erros em suas projeções de resultado.
Nunca estude, ou trabalhe, pensando no limite, mas sim em extrapolá-lo.
8 – Prestar atenção nos outros
Vocês estão lá, fazendo a sua prova, e de
repente dão uma olhadinha para o lado: o outro candidato já está
preenchendo a folha de resposta.
Vocês se desesperam, acham que algo está errado e resolvem copiá-lo.
Não façam isso…
Durante a prova só existem dois focos de atenção: a prova e o aviso de tempo no quadro.
Só isso. Nada além disso. Ignorem o que
os outros candidatos estão fazendo e sigam a estratégia que vocês
montaram. Aliás, leiam a dica abaixo!
9 – Não adotar uma estratégia
Ir para a prova sem uma estratégia, um roteiro, é a maior VACILO a ser cometido por um candidato.
Há muito tempo escrevo sobre a estratégia
a ser usada na prova, e tenho a mais absoluta convicção de que uma boa
estratégia (seja ela qual for) potencializa as probabilidades de
sucesso.
Não vou escrever agora sobre uma
estratégia em específico mas já projetem em suas mentes a necessidade de
uma e como implementá-la.
Uma estratégia otimiza o tempo, potencializa o desempenho e evita MUITOS dos vacilos acima descritos.
Adotem uma estratégia. Vocês vão, com certeza, precisar.
10 – Chutar
Até um tempo atrás dava para chutar
seguindo determinada metodologia. Isso porque havia uma divisão equânime
entre o número de alternativas na prova: 20 letras A, B, C e D.
A partir daí ficava fácil estabelecer um sistema de chute.
Ficava…
A FGV percebeu isto e mudou a lógica da distribuição das letras, retirando a isonomia entre elas.
Em suma, não dá para chutar.
Ademais, o Direito e seus ramos têm
sempre uma lógica, e é esta lógica que o candidato deve seguir. Quem já
resolveu várias questões sabe que, em regra, duas alternativas são muito
improváveis, restando duas com uma maior probabilidade de serem as
corretas. É avaliando estas duas alternativas, com um olho na lógica
jurídica, que o candidato irá fazer sua escolha.
Vamos ser sinceros: em algum momento o
chute será convocado para dar sua participação. É quase inevitável. Mas
priorizem o raciocínio e a lógica que o resultado tende a ser muito mais
eficiente.
Por Maurício Gieseler
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