29/06/2012
Supremo valida investigação da Procuradoria em caso Celso Daniel
Folha de S. Paulo
Defesa de acusado diz que apuração foi inconstitucional por ter ocorrido sem participação da polícia
Julgamento, ainda não concluído, tem relação com polêmica sobre poder de investigação do Ministério Público
FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA
A maioria dos ministros do STF (Supremo
Tribunal Federal) validou a investigação feita pelo Ministério Público
sobre a morte, em 2002, do prefeito petista de Santo André, Celso
Daniel.
O caso -que não entra no mérito da
investigação- só não foi finalizado na corte por conta de um pedido de
vista de Luiz Fux anteontem, que suspendeu a discussão a ser retomada
somente após o julgamento do mensalão.
No entanto, 6 dos 11 integrantes do STF
já proferiram votos, nos quais entendem que não houve ilegalidade na
apuração de promotores.
Os ministros analisam um habeas corpus
proposto por Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, que foi denunciado pelo
Ministério Público como o mandante do assassinato.
No mês passado, três pessoas foram
condenadas pelo crime. Sombra ainda não foi julgado. A defesa dele
argumenta que a investigação dos promotores foi inconstitucional por ter
ocorrido sem a participação da polícia.
O inquérito elaborado pela Polícia Civil
de São Paulo havia concluído que a morte do petista não passava de um
crime comum. Os promotores, porém, fizeram novos depoimentos,
reavaliaram as provas e concluíram que se tratava de um crime por
motivação política.
Segundo essa tese, o prefeito foi morto
por ter descoberto que recursos de caixa dois para campanhas do PT
estavam sendo desviados para os próprios organizadores do esquema.
O julgamento do habeas corpus ocorre em
meio a uma discussão mais ampla, sobre o poder do Ministério Público de
fazer investigações.
O resultado do caso relacionado a Celso
Daniel, no entanto, não significa que o STF decidiu validar
genericamente essa capacidade.
Isso porque os ministros utilizam
argumentos distintos sobre o tema. O STF, ao final, terá que construir o
que se chama de “voto médio”, selecionando o que pelo menos seis
ministros concordam e descartando o restante.
O julgamento sobre o caso começou em 2007, quando o ministro Marco Aurélio Mello concordou com os argumentos da defesa.
Sepúlveda Pertence, hoje aposentado do
STF, divergiu, entendendo que o Ministério Público teria poder de
investigação. Cezar Peluso, então, pediu vista.
Na semana passada, o julgamento foi
retomado, e Peluso validou as investigações. Anteontem Fux pediu vista.
Mas, antes disso, outros ministros adiantaram voto, praticamente
resolvendo o caso.
Votaram pela validade da investigação
Ayres Britto, Cármen Lúcia, Celso de Mello e Gilmar Mendes. Somados os
votos de Peluso e Pertence, a maioria foi formada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário